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A NUDEZ NA CULTURA OCIDENTAL

Por Arthur Virmond de Lacerda Neto
(5/03/2024)

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Na mitologia grega, Prometeu criou os animais, a que imputou qualidades (força, rapidez, coragem); também criou o homem, a quem faltaram qualidades, porque já as atribuíra aos animais, pelo que seu irmão, Prometeu, furtou de Héstia o fogo e deu-o aos mortais, o que lhes proporcionou aquecimento, cocção dos alimentos, metalurgia, fabricação.

 

Assim, Prometeu foi o primeiro benfeitor da humanidade e como tal está lembrado no calendário histórico de Augusto Comte.

 

A gravura ao lado é fotografia de sarcófago romano: Prometeu com o homem primigênio, a quem atribui vida; Atenas presente. Notai a ereção do homem e que se cuida de escultura fúnebre, exposta em público em seu tempo. Varões, varoas, crianças, viam-na e viam-lhe a representação da porripotência: o pinto ereto, em potência máxima não era vergonhoso, não era escandaloso, não passava por obscenidade.

 

A escultura representava momento da narrativa mitológica e realidade da anatomia e da fisiologia masculinas. Nada do que é natural envergonha, diziam os mesmos antigos, até que o advento do cristianismo subverteu o espírito greco-romano e incutiu nas gentes a mentalidade oriental: na Lídia, terra dos bárbaros, julgava-se indecorosa a exposição do corpo que, por isto, andava encoberto do pescoço ao chão.

 

Tal conceito de indecoro, adotou-a Agostinho, que nela insistiu em suas obras, em que também estigmatizou o corpo e a sexualidade; mercê da pregação cristã ele espraiou-se pela Europa em geral.

 

Os gregos andavam nus, exercitavam-se nus (ginásio provém de “gimnadzein”: exercitar-se pelado) em presença mútua, disputavam os jogos olímpicos em nudez, o que se manteve até ao ano 382, já no período do império romano, até serem extintas por Teodósio II, imperador cristão, em nome de sua religião.

Pelo menos no intervalo do ano 1.000 ao 1.400, a nudez em família, na Europa, era habitual; estava-se acostumado a pais verem nus seus filhos, a filhos verem pelados seus pais, a irmãos verem a nudez uns dos outros. Dormia-se no mesmo recinto, e tudo despido.

 

No século XVI o concílio de Trento elegeu dois inimigos: o protestantismo e a nudez; data de então a revolução na arquitetura e nos mores: quartos de dormir apartados (a fim de impedir que cada morador visse a nudez alheia), vergonha do pinto, da bunda, dos peitos; associação da nudez com indecência, erotismo, pecado. Passou-se a associar nudez com sexo pois as populações já somente se despiam para fornicar.

 

O cristianismo engendrou o pudor (vergonha da nudez) e seu corolário: a malícia. O nudista não sexualiza pênis, mamas, bunda, vulva, nem deles se envergonha; o encobridor sexualiza-os e deles se envergonha.

Há 150 anos pouco mais ou menos, os Europeus libertaram-se do pudor: na Alemanha especialmente, nomeia-se cultura do corpo livre a mentalidade de que nada na anatomia humana é indecoroso e de que a nudez é normal e inocente. Em França, na Croácia, na Áustria, na Inglaterra, em Portugal, na Suécia, na Finlândia, na Noruega (na Europa em geral) é normal estar-se nu em casa, em família, as mulheres expõem suas mamas nas praias (não usam estrófio), na generalidade das praias pratica-se nudismo facultativo.

Já no Brasil, vigora gimnofobia, vergonha da nudez, associação dela com indecência, erotismo, pecado. Nos ginásios (academias) é caricato observar os machos que ocultam maximamente possível seus pênis, ao ponto de adentrarem o cubículo de banho de cuecas e dele retirarem-se de cuecas. É pior do que em conventos.

 

Toda praia deve ser de nudismo opcional. De começo até um ou outro estranhará e reparará nos pênis, nas bundas, nas mamas, porém depressa o que é mais do mesmo perde a graça, e muito depressa acostumamo-nos com a nudez, que se nos torna indiferente. Ela é erótica e excitante na mente do encobridor, que vive vestido e somente se despe para fornicar e banhar-se. O encobridor é pobre de experiências e rico de bobagens.

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(enviado em 1/04/24 por Arthur Viermond de lacerda)

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