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Nota de falecimento: Francesco Giordano, o doce Franco

por Pedro Ribeiro

Faleceu, na Itália, no dia 4 de outubro passado, aos 75 anos de idade, Francesco Giordano, conhecido carinhosamente como Franco, vítima de uma Isquemia cerebral.

Italiano de nascença, mas brasileiro de coração, vinha frequentemente ao Brasil, onde casou duas vezes. Primeiramente com a inesquecível Miriam Zorzella, uma das mais queridas naturistas brasileiras, guerreira que foi introduzida no naturismo justamente por Franco.

Viúvo, viveu por muitos anos um novo relacionamento com a gaúcha naturista Lígia Buaes até alguns poucos anos, que revelou que o nome do ex-companheiro foi dado em homenagem ao São Francisco de Assis, e, por coincidência do destino, faleceu justamente no dia dedicado ao santo.

Img.: Arquivo pessoal J. Tannus

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Foto de 2013, em Montoro Inferiori, quando o Franco assinava o documento de posse como integrante da direção da FBrN.

Muito querido no meio naturista, participou de inúmeros eventos no Brasil e no exterior. Em 2013, foi nomeado Diretor de Relações Internacionais da FBrN, na gestão João Olavo/José Tannus. É Tannus quem apresenta o depoimento a seguir: "Era um grande amigo. Nos recebeu em sua casa em Montoro Inferiori alguns anos atrás, quando eu ainda era do conselho da federação. Em outra oportunidade ele também recebeu meus filhos. Sempre muito hospitaleiro. Um grande anfitrião. E também um grande defensor do naturismo. Ele e a saudosa Miriam deixam um vazio. Nossos mais profundos sentimentos."

Deixou dois filhos: Giullia e Alfredo.

Giullia Giordano, 39 anos, filha do Franco, escreveu uma linda e emocionante mensagem póstuma pra seu querido papá. O jornal OLHO NU a publica aqui na íntegra traduzida para o português com auxílio do tradutor do Google, mas a versão original está disponível clicando no título acima, em Italiano.

Adeus, papai…

 

“Passo entre os homens como entre fragmentos do futuro: daquele futuro que contemplo. E o significado de todo o meu trabalho é que eu imagino como um poeta e recomponho em Um o que é fragmento, enigma e aleatoriedade horrível. E como eu poderia suportar ser homem se o homem não fosse também um poeta, um solucionador de enigmas e um redentor do acaso” (Nietzsche)

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Img.: Arquivo pessoal Giullia Giordano

Giullia Giordano, com seu papá, é autora do lindo texto mostrado de despedida ao lado.

Não é fácil realizar o meu discurso sobre o traço luminoso e por vezes invisível da solidão dolorosa e secreta de um pai: cheio de autênticos conteúdos emocionais de contemplação e oração: virtudes às quais ele confiou os seus pensamentos e ações. As palavras desmoronam, diante da nostalgia inquieta do coração, da sua coragem, e da sua esperança contra toda esperança que fosse possível vislumbrar, o som das águas vivas e o farfalhar das asas, que palpitavam suavemente em seu coração. Um homem amplamente incompreendido, com uma sensibilidade insondável, de aparência desalinhada, mas intacto de mente, coração e alma, resgatado e redimido por uma fé pulsante que ultrapassou a cerca da razão, empurrando-o conscientemente para os limites e origens da nossa existência. “Habitado por Deus” a sua fonte era a da interioridade, sempre aberta a infinitas interpretações que se renovavam de época em época. A sua linguagem de olhos, rosto e gestos conheceu o desabrochar das rosas, apesar da dor do corpo e do aprisionamento de uma radical infelicidade familiar. Um 

rosto testemunha da angústia, transfigurado por uma luz nos olhos que se abriam sem parar. Como não nos lembrarmos de uma história de vida, em colisão com as nossas identidades apenas porque não se enquadrava nos paradigmas da normalidade. Como não saber que em mundos dolorosos, de uma sensibilidade invulgar, ressurgem as sombras cruéis da felicidade perdida, que arrasta consigo, pelo menos em parte, a perda de todas as relações humanas. As feridas sangrentas da alma são verdadeiramente sem limites, que surgem como uma condição de vida dolorosa e atormentada causada pela perda das relações humanas. Desta vez, não há conclusão possível no discurso, mas apenas traços congelados de dor que se escondem nos caminhos escuros da solidão: de estar sozinho.

 

Brilhe agora, entre o céu construído com as pedras do silêncio; Seu espírito respira canção, flutua no arco-íris de cores e, reverbera entre as estrelas cadentes da esperança. Reunidos na sarça ardente da contemplação, através das águas de um céu azul, conforte meu coração.

 

Descanse em paz papai
“Em cada passo… em tempo infinito…. você estará comigo"

 

Com amor
Sua filha
Giullia

(enviado em 8/10/23)

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