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O corpo nu como um livro aberto

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Rosny Detrindad (@rosny.boasmaos), artista interdisciplinar nicaraguense, tem emergido das interseções entre o naturismo e a performance no Brasil. Atualmente cursa Mediação Cultural– Artes e Letras pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), sediada em Foz do Iguaçu (SC).

 

Desenvolveu, na Praia de Abricó, uma das etapas da sua pesquisa que busca redefinir o corpo nu como um livro aberto onde a pele, o gesto e a presença coletiva escrevem novas possibilidades de arte e existência.

O dia 19 de junho, uma quinta-feira que alternou o sol morno de outono com algumas nuvens, um feriado não assumido por muitos municípios brasileiros, foi a data escolhida pelo estudante nicaraguense Rosny Detrindad para realizar uma das etapas da formação de seu curso universitário, provavelmente um dos poucos cursos deste tipo oferecido por uma universidade federal brasileira, o de Mediação Cultural – Artes e Letras.

Img.: Maurício Morcado

A praia do Abricó foi o palco da performance, onde Rosny, ajudado pelo amigo Johny Moraes, registrado pelo fotógrafo Maurício Mocardo, com fundo musical preparado por Victor Oliveira e música de flauta tocada ocasionalmente por Brian Oliver, despertou atenção e curiosidade dos poucos visitantes que estavam na praia na ocasião, quando entrou em uma mala que o acolheu inteiramente, seu corpo magro e nu.

Rosny explica que "as artes performáticas se inserem como um campo fértil para a materialização dos princípios do curso de Mediação Cultural – Artes e Letras da UNILA, que enfatiza a compreensão e a gestão da cultura de forma intercultural, promovendo o diálogo e a visibilidade de grupos historicamente

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O primeiro momento, a saída de dentro da mala.

minorizados. Uma performance como "O Corpo Nu como Livro", realizada na Praia do Abricó sendo uma das etapas do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), exemplifica perfeitamente essa conexão. Ao eleger o corpo nu como portador de histórias e memórias, a performance se alinha com a proposta do curso de dar voz e evidenciar a diversidade de saberes e fazeres, utilizando uma linguagem artística que transcende as fronteiras convencionais e permite a emergência de narrativas muitas vezes silenciadas."

Img.: Maurício Morcado

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A estrutura da apresentação foi dividida em três etapas que, segundo Rosny, reflete a profundidade do processo de mediação cultural.

"O primeiro momento, a saída de dentro da mala, representou a abertura da forma comum de livro eclodindo e dando espaço ao corpo nu como livro, simboliza a ruptura com padrões estabelecidos e a valorização de novas formas de conhecimento e expressão, um eco direto da proposta do curso de minimizar assimetrias e fomentar a sociabilidade."

"No segundo momento, onde o corpo nu se torna, de fato, o livro portador de histórias e memórias, evidencia-se a capacidade das artes performáticas de encarnar a memória cultural e os processos criativos acumulados ao longo do curso, transformando a experiência individual em uma narrativa coletiva e visível."

"Finalmente, o terceiro momento, uma caminhada de costas representando os rastros efêmeros ou permanentes que deixamos tanto como indivíduo e como sociedade, ressoa diretamente com a visão da mediação cultural como uma ação que intervém nos espaços para construir redes e potencializar a diversidade. Essa imagem poética da pegada que se desfaz ou permanece, dependendo da perspectiva, dialoga com a busca do curso por fomentar processos de sociabilidade que minimizem assimetrias históricas. A performance, nesse sentido, não é apenas um resultado acadêmico, mas uma manifestação viva dos princípios e objetivos do curso, demonstrando como a arte pode ser uma ferramenta poderosa para a reflexão, a conscientização e a transformação social."

A escolha da Praia do Abricó para a performance "O Corpo Nu como Livro" não foi aleatória; - explica Rosny - "ela possui uma profunda conexão com o meu percurso pessoal e acadêmico no curso de Mediação Cultural – Artes e Letras. Este local se tornou o ponto de partida do meu autoconhecimento através da prática da nudez social, uma experiência que se entrelaça intrinsecamente com o saber adquirido ao longo da minha formação. A praia, nesse sentido, transcendeu a função de mero palco, transformando-se em um espaço onde as teorias e conceitos de mediação, interculturalidade e visibilidade de narrativas minorizadas ganharam vida e se manifestaram de forma palpável através da vulnerabilidade e autenticidade do corpo nu."

​​O segundo momento, onde o corpo nu se torna, de fato, o livro portador de histórias e memórias.

O terceiro momento, uma caminhada de costas representando os rastros efêmeros ou permanentes.

(Img.: Maurício Mocardo)

Amigo de Rosny, Johny Moraes, que foi coadjuvante na apresentação, diz que viveu uma experiência maravilhosa ao participar da performance “O Corpo Nu Como Livro”, parte do trabalho de conclusão do curso de Mediação Cultural – Artes e Letras, que seu amigo Rosny está concluindo na UNILA.

Img.: Maurício Mocardo

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Johny participou com Rosny dos vários momentos da performance.

Continua: "Foi uma honra poder contribuir com esse trabalho, com o qual me identifico tanto. Recebi o convite no fim de abril e aceitei de imediato, antes mesmo de conhecer os detalhes. Mais tarde, ao descobrir que a escolha do tema da pesquisa e o local da apresentação foram inspirados na primeira visita que o Rosny fez à Praia do Abricó — em janeiro de 2022, comigo e com outro amigo, Brian — me senti ainda mais motivado a colaborar.

Em um curto período, construímos muitas coisas juntos. Passamos vários dias trocando ideias até chegarmos ao resultado final da performance. Juntos, reunimos ideias, colaborações e objetos significativos: as três malas, as flores, a flauta tocada pelo Brian

(@brian_marina1), o registro do Maurício (@mauriciomocardo), a trilha do Victor (@claridadeassusta), a pintura natural usando urucum, as conchas que trouxe da Bahia, os tecidos, os acessórios e as imagens da trajetória acadêmica e extracurricular do Rosny. Tudo isso, criado em menos de dois meses.

Img.: Maurício Mocardo

Eu, que sempre permaneci contido na plateia, poderia facilmente me intimidar ao ocupar o “palco”. Mas estar em um lugar tão familiar para mim, cercado de amigos e contando uma história da qual me orgulho, fez com que eu me sentisse seguro.

 

Estou muito satisfeito com tudo o que realizamos. A performance tem potencial imenso de ocupar mais espaços."

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O urucum foi a tinta natural usada para enfeitar os corpos nus.

(enviado em 5/07/25 por Rosny Detrindad via WhatsApp)

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