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Edição nº 301 - Dezembro de 2025 - ano XXVI

Aventuras de um peladista - a saga de Thy
No dia 1 de novembro, Thyago Barbosa, conhecido nas redes sociais como Thy, o peladista, se deu à missão de participar da segunda edição do Encontro Norte Nordeste de Naturismo, no Ceará, partindo do Rio de Janeiro, de carro para se aventurar pelas estradas e desvios desse imenso Brasil, com paradas estratégicas em locais paradisíacos e para visitas a amigos. Sua saga está contada a seguir, por ele mesmo, em primeira pessoa. E, alerta de spoiler, nem tudo teve o bom sucesso sonhado.
Texto e imagens por Thy, o peladista
A viagem começou de certo modo tranquilo. Eu peguei um carro usado em loja em Sampa, no modelo que eu gostaria e que achei ser ideal pra me jogar nessa aventura de viajar pelado, desbravando o meio do mapa do nosso país. Acontece que o carro não estava tão bom conforme me tinha sido vendido. Deixei meu carro semiautomático em consignação na loja e segui viagem com o carro vermelho, um Sandero Stepway 2012, aparentemente em pleno funcionamento.
No primeiro trecho da viagem, na verdade, ainda em Sampa, o carro deu sinais de que não aguentaria o tranco. O nível do fluido do radiador foi a zero ainda na capital. Eu completei achando que pudesse ser alguma desatenção por parte do profissional que havia revisado o carro antes de me ser entregue. E segui viagem. Acontece que após uns 150km rodados, aproximadamente, o fluido foi de novo a quase zero, o que fez acender uma luz de defeito de injeção no painel do veículo.
Como todo bom leigo, abri o capô do carro e verifiquei os níveis de fluidos em geral e notei que o fluido do radiador tinha descido de novo, atribuí o vazamento a algum trinco no reservatório uma vez que as mangueiras de distribuição estavam aparentemente íntegras e segui viagem até BH completando o fluido a cada parada de cerca de uma hora de intervalo.
Após esse longo trecho inicial, ao chegar em BH, procurei um mecânico na primeira oportunidade que condenou a junta de cabeçote e sugeriu que o bloco do motor fosse retificado juntamente, pois dada a distância de cerca de 4000km no total que seriam percorridos nos próximos dias, o mecânico não garantiria o cabeçote se o motor não fosse feito junto. Como não houve autorização da loja pra fazer o bloco do motor, o carro voltou rebocado para a loja em Sampa e eu voltei de busão para poder desfazer o acordo.

O carro pego em São Paulo, mostrou-se um "presente de grego"
Desfeito o acordo, eu peguei novamente a estrada e curti um fim de semana muito agradável e nu, organizado por Leo Matos, nudista da nossa capital federal que inaugurou um espaço novo no CONIC de Brasília com uma festa nudista que foi excelente e me levou a nadar pelado no Paranoá, entre outras atividades nudistas e correlatas.




Parada para mergulhos no Rio Grande, em Barreiros, na Bahia
Seguindo viagem, pernoitei em Barreiras, no Oeste baiano. Cidade agradável, organizada, limpa, onde conheci um apicultor de nome Junior que me levou a mergulhar pelado no Rio Grande, sendo uma das melhores experiências da viagem, tanto pelo local, um trecho de rio delicioso para mergulhar nu, como pela companhia. Um sujeito simples, mas verdadeiro e bastante agradável com o qual mantenho contato até hoje.
De lá, na estrada, fiz um pit stop um tanto rápido na localidade de Igarité, município de Barra, ainda no oeste baiano, mais ou menos na metade do traçado do Véi Chico, como carinhosamente apelidam os nordestinos ao Rio São Francisco. E foi justamente no leito do Véi Chico que conheci uma família de prestamistas, os mascates que vendem de um tudo, batendo de porta em porta, interior adentro do nosso país. O pai, já um senhor, não se incomodou nem um pouco com a minha nudez e, como não haviam mulheres presentes que se pudessem constranger com esse fato, eu me joguei nu, rio adentro. Os filhos, pareando com a minha idade também não se ofenderam e ficamos ali, os quatro aproveitando a água doce e na temperatura ideal em um típico final de tarde no leito do rio São Francisco.
A viagem começou a complicar a partir de então. No começo da noite eu fui alertado que viria a enfrentar um longo trecho de estradas vicinais, costela de vaca, como, são apelidados os trechos difíceis de estrada de piçarra, um barro solto, batido por máquinas e que solta uma areia fina, boa de fazer os carros derraparem. Já por volta de uma 21h, bati o carro em algo não identificado na estrada de chão e pouquíssimo tempo depois o sistema do carro começou a acusar falha no arrefecimento e depois pane no motor, orientando a parar o veículo imediatamente. Como eu estava no meio do nada, acabei forçando a barra e levando o carro até Boa Esperança no mapa.
Irônico, pois não havia nem uma viva alma na rua. Boa Esperança faz parte da localidade de Mandarino, no município de Pilão Arcado.
No dia seguinte, procurei um mecânico e dada a demora de dois dias pra receber o novo radiador juntada ao dobro do valor a ser pago, deixei o carro na oficina mecânica e segui viagem novamente, dessa vez de carona. Os técnicos de internet que cabeiam fibra ótica me deram uma carona até um posto de gasolina em Campo Alegre, de lá peguei carona com um pipeiro, motorista de caminhão pipa até São Raimundo Nonato, de onde peguei um ônibus até Teresina e na sequência outro até Fortaleza. Ufa... Esse trecho teria sido mais cansativo se eu não tivesse apagado de sono em virtude do cansaço acumulado pela noite do acidente.
O final de semana foi de surpresas não tão boas no XII ENNN. Infelizmente, a Associação anfitriã do evento, famosa pela impecabilidade na organização dos eventos a que se propõe, em dependência dos sistemas de fomento ao turismo local, deixou bastante a desejar justamente no quesito organização. Participei de três dos quatro dias de evento e nem em metade do tempo o Naturismo foi discutido.
A Associação mencionada definitivamente não entendeu a importância do diálogo para o crescimento do Naturismo em âmbito nacional. Os dez elos do Naturismo foram debatidos na sexta, após a abertura e, 24h depois foram apresentados em plenárias por representantes de cada grupo de debate criado. Pois bem, o primeiro elo que fala do respeito à diversidade foi defendido no meu grupo por uma mulher branca, cis, heterossexual e que por motivos pessoais não traz a prole para eventos de naturismo.
Na outra ponta do tênue fio dos 10 elos do naturismo, uma mulher, mãe naturista de



Outra parada para mais um mergulho. Agora no rio rio São Francisco

Durante o XII ENNN, na varanda de seu quarto, diante da piscina e o mar de Caponga, em Cascavel, no Ceará
quatro filhos educados nus dentro de casa, negra, cis, heterossexual, foi mais uma vez silenciada pela sua personalidade forte e pelo seu jeito mais expansivo e assertivo de se expressar. Juntamente com ela, eu, um homem pardo, cis, homossexual, também quase fui silenciado porém ao final do discurso da mulher branca, tomei o microfone pra justamente falar que é necessário à FBrN em todos os níveis de atuação, abrir-se ao diálogo de maneira urgente e eficaz, buscando desenvolver cada vez mais estratégias educacionais e divulgação aos jovens naturistas, para que a imagem do Naturismo não se perca em meio a conflitos motivado pelo ego de alguns poucos dirigentes locais equivocados e deslumbrados pela posição que ocupam.
Saldo do pós evento: A mãe negra com anualidade da referida associação em dias e ainda vigente às vésperas de receber o selo na carteirinha, foi escorraçada do convívio social naturista pelo ego inflado, arranhado e arbitrário do dirigente local, assim como também eu que não sou filiado, mas fazia parte do grupo de app "Associação e Amigos" ressaltei que ainda admiro o trabalho realizado e que entendo que esse é um dos entendimentos que tenho da palavra AMIGO.
Obs. As declarações e texto contidos nesta matéria são de inteira responsabilidade de seu autor, não correspondendo necessariamente à opinião dos editores.
(enviado em 11/12/25 por Thyago Barbosa - Thy, o peladista)


