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X ENNN: o Naturismo se encontra com a Natureza

Por Pedro Ribeiro
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A foto oficial encerrou oficialmente o X ENNN, que reuniu dezenas de naturistas de todo o Brasil, em quatro dias de muita confraternização em um ambiente saudável e harmonioso, tornando o evento inesquecível,

O X Encontro Norte-Nordeste de Naturismo começou no dia 12 de outubro de 2023, mas antes mesmo dos participantes se deslocarem para a pousada Pedacinho do Céu, uma chácara a cerca de 50 quilômetros de Manaus no sentido Presidente Figueiredo, Jorge Bandeira lançou sua mais recente obra que escreveu a quatro mãos com a tradutora Mayara Campos, “A Trilogia do Naturismo de William Welby”, uma compilação da obra de Welby, naturista inglês do início do século XX. O lançamento foi no centro da cidade de Manaus, na livraria e Centro Cultural O Alienígena, numa pequena cerimônia que reuniu os autores, editores e amigos, às dez horas da manhã do feriado de Nossa Senhora de Aparecida. De lá foi o ponto de partida dos carros que levaram os participantes do Encontro para a chácara onde se reuniram naturistas de várias partes do Brasil. Aliás, provavelmente, devido aos altos preços das passagens aéreas para Manaus,

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Antes do início do X ENNN, Jorge Bandeira e Mayara Campos fizeram uma sessão de autógrafos para o lançamento do livro "A Trilogia do Naturismo" de William Welby, na livraria O Alienígena no centro de Manaus.

principalmente vindo das cidades mais próximas do Nordeste, membros das associações nordestinas foi minoria. Assim, fora o Graúna, a associação amazonense anfitriã, somente a Bahia teve representatividade por um membro da própria instituição, com a AMANAT, e que também representou o Ecoparque da Mata. O NU-RN também teve representação oficial. O Graúna, o anfitrião do evento, é claro, teve o maior número de membros presentes. Acabou parecendo mais um encontro nacional do que regional, pois membros de associações do Sul e do Sudeste foram prestigiar o evento: SPNAT, NIP, Colina do Sol, NATES e Anabricó.

A pousada Pedacinho do Céu é uma área de lazer com bar, restaurante e chalés para hospedagem que abrigou com conforto e segurança os hóspedes do Encontro. A primeira impressão do local é boa, e aumenta à medida que o local se torna mais íntimo, pela beleza da paisagem com suas construções rústicas espalhadas pela imensa área, mesmo estando boa parte da Amazônia coberta com uma fumaça incômoda resultante das queimadas  insistentes e anti-ecológicas, comuns nesta época do ano. A recepção do X ENNN, feita pela organização do evento, entregou a cada participante um kit de informações e lembranças, uma pulseira de identificação vermelha (para aqueles que não podem aparecer em fotografias) ou verde (para aqueles que não tem problemas de serem fotografados), além de conduzi-los para seus locais de hospedagem. O almoço já estava sendo servido, que acabou sendo a primeira atividade oficial. Um bufê com dois tipos de opções de carne e uma opção vegetariana.

O pacote de hospedagem foi do tipo “tudo incluído” com exceção das bebidas.

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Iram Lamego, presidente do Graúna, abriu oficialmente o X ENNN no dia 12 de outubro.

Neste primeiro dia, logo após o almoço, tivemos a abertura oficial do evento feita por Iram Lamego, presidente do Graúna, apresentando as diretrizes gerais, a programação e saudando os visitantes. Depois, uma tarde livre onde pudemos conhecer e desfrutar de algumas atrações da propriedade, como o banho refrescante no igarapé Tarumã-açu, que banha o local, jogo de vôlei e trilha. O jantar, também em estilo buffet, foi servido sempre entre 18 e 20 horas. Logo após o jantar, uma reunião de confraternização onde cada presente se apresentou aos demais, informando nome, de onde vinha e há quanto tempo está no Naturismo. Logo em seguida, um sarau foi a atração, onde muitos revelaram suas veias artísticas declamando poesias, fazendo apresentações teatrais ou contando histórias.

Desta forma encerrou-se o primeiro dia do X ENNN.

O segundo dia do X ENNN começou com um farto café da manhã, no estilo self-service, com produtos básicos, além de cará, raiz típica da região e sucos de goiaba e cupuaçu. Enquanto tomávamos nosso café da manhã nas mesas espalhadas pela margem do rio que banha a propriedade, chegaram alguns índios (dois homens e duas mulheres) das etnias do Alto Rio Negro: Carisu, Tarianae Tukano  que vieram fazer pintura corporal nos naturistas que quisessem e fazer uma apresentação confraternizadora de um de seus rituais ancestrais, sob orientação da professora Mara Pacheco. O ambiente acabou sendo um pouco cômico na relação entre índios e naturistas, pois os índios não se despiram, estavam sem camisa, usando bermudas e

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índios e naturistas se confraternizam enquanto executam passos de dança ritualística 

pintura corporal, enquanto que as índias estavam também sem a parte de cima da indumentária, mas usavam enfeites de palha sobre a pele pintada e os calções. No entanto foi um momento de descontração e de aprendizado sobre as tradições indígenas.  Após, nem no banho do rio os índios se animaram a se despir para ficar de acordo como os demais convidados do sítio.

Já na hora do almoço repetiu-se o esquema de serviço autônomo, com duas opções de proteínas, peixe típico ou carne, mais acompanhamentos com preparação usual da região. O que ocorreu em todas as outras intervenções das refeições: Jantar, café da manhã e almoço.

Após o almoço tivemos a primeira dinâmica do encontro, começando com uma entrevista com as quatro crianças presentes no evento, todas em torno de oito anos de idade, dois casais filhos de participantes.  Entre as perguntas a elas uma foi como se sentiam em estarem nuas ali junto com outras pessoas também nuas, crianças e adultos, responderam que se sentiam tranquilas. Foi perguntado se elas contavam para os coleguinhas que participavam de encontros deste tipo. Elas responderam que não, porque os pais haviam ensinado a elas que seria melhor não contar. Depois da pequena entrevista passou-se à dinâmica: Cada naturista escreveu num pedaço de papel, a sua lembrança de como foi sua relação ao corpo nu quando era criança e adolescente, seu próprio corpo e corpo de outras pessoas, da mesma idade ou mais velhas, sem precisar se identificar. O resultado disso será arquivado no Graúna para consulta posterior.

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Pequenos grupos de naturistas plantaram mudas de diferentes árvores frutíferas no terreno do evento, simbolizando a conexão com a "mãe terra".

Por volta das quatro da tarde, chegou a hora de plantar mudas de árvores frutíferas no terreno, de forma solidária e simbólica, para representar a terra e a natureza, de conexão com “Mãe Terra”

Logo após foram todos conhecer o outro lado do sítio com uma boa caminhada por uma trilha produzida por automóvel, que nos levou até outro trecho do igarapé. Lá tomamos banho e retornamos à área principal onde alguns já estavam no meio de um animado jogo de Vôlei.

Após o jantar realizou-se uma divertida noite de jogos de tabuleiro, que foram espalhados pelas diversas “malocas” com muito riso e descontração. Cada vencedor da primeira rodada de cada jogo foi agraciado por uma medalha de “campeão”.

​Fim do segundo dia.

O terceiro dia, após o café da manhã, começou com convite para visitarmos a exposição “A Visão” composta por 25 desenhos e ilustrações, únicos e originais, em técnicas mistas, feitos por Jorge Bandeira. As obras estavam à venda com valores entre 30 e 60 reais. Infelizmente a apresentação teatral também intitulada “A Visão” que complementaria a exposição foi cancelada.

Por volta das 10 horas da manhã uma divertida gincana cultural tomou conta do espaço, integrando a maioria dos naturistas presentes. Liderado por Robson Nei, foram formados dois grupos de 11 integrantes identificados com fitas amarradas nos braços de cada participante: pretas e brancas. Os grupos competiram com provas como criação de um grito de guerra, corrida da bola na colher, soprar e estourar o balão, olhar fixo sem rir, jogo da mímica e uma esquete teatral com tema sobre o Naturismo, a qual foi julgada por um corpo de jurados formado pelos naturistas que não participaram das brincadeiras. Somadas todas as pontuações obtidas, houve incrivelmente empate no resultado.

O almoço teve que ser atrasado um pouco por causa do final da gincana. Enquanto aguardávamos a chegada de Jorge Bandeira que viria fazer lançamento de seu novo livro no evento, um morador da área nos deixava todos encantados com seu passeio. Era uma espécie de iguana que circulou por um bom tempo pela copas das árvores.

Jorge Bandeira apresentou o livro “A Trilogia de William Welby”, mais uma vez de maneira brilhante e autografou os exemplares vendidos na ocasião. Teve que se retirar às pressas do encontro por ter outro compromisso no XVII Festival de Teatro da Amazônia, onde fez parte da organização.

Enquanto aguardávamos o início do torneio de vôlei, o

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Um iguana passeava tranquilamente pelas copas das árvores, provavelmente em busca de comida.

eclipse solar foi mais uma atração natural que pode ser acompanhada através das nuvens tênues que serviram de filtro para as observações.

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O torneio de vôlei reuniu três times de quatro pessoas cada um, que jogaram entre si até ser definido o time campeão.

Após o jantar especial, que começou a comemoração dos vigésimo aniversário da associação anfitriã, houve apresentação da peça “A inversão”, cujo tema apresentava uma sociedade na qual a nudez era a norma e tinha problemas com as pessoas que insistiam em usar roupas em público, causando revolta e atritos. Seguiram-se o “Parabéns prá você” e o corte do bolo de aniversário após o brinde com vinho, espumante e água.

Uma movimentada dança de carimbó, com direito a explicações de sua origem e significado, alegrou ainda mais a noite naturista, que foi finalizada por um divertido karaokê.

A manhã de domingo teve, logo após o café da manhã, a plenária da Federação Brasileira de Naturismo com o tema “O ilícito e o Naturismo”, comandada pela presidente da FBrN, Paula Silveira, o tema foi apresentado e debatido com diversas intervenções dos

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assistentes. Em seguida, a atração, debaixo de uma chuva forte, foi o sorteio dos ganhadores da rifa que foi vendida virtualmente por várias semanas antes do início do ENNN. A ação começou com transmissão ao vivo pelo Instagram do Graúna, mas ela foi logo "derrubada" por causa das imagens que mostravam nudez real, mas o sorteio prosseguiu normalmente na sítio. Os prêmios foram canecas do evento, livro de Jorge Bandeira e, o prêmio maior, estadia no Ecoparque da Mata, durante o XI Encontro Norte-Nordeste de Naturismo, que será realizado no próximo ano. Este momento foi concluído com o ritual de entrega do candeeiro, símbolo do ENNN, uma espécie de tocha olímpica, para o representante da entidade que o sediará em 2024, Etienne Marcos, em nome do Ecoparque da Mata.

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A foto oficial foi o último ato coletivo do X ENNN, que deixará saudades pelo espírito de coesão, fraternidade e animação que os integrantes do Graúna não tiveram pudor de expor, compartilhar e contagiar, recebendo todos os convidados de forma ímpar e acentuadamente eficiente nos mínimos detalhes. Parabéns à organização.
 

Foi um evento que, com certeza, jamais será esquecido.

(enviado em 17/10/23)

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